sábado, 14 de setembro de 2013

Inicio de mais um ano escolar.As preocupações dos Pais e Encarregados de Educação dos alunos do Agrupamento de escolas de Penacova

As preocupações dos Pais e Encarregados de Educação no início do novo ano escolar

Inicia-se agora mais um ano escolar com imensas preocupações e problemas para os pais e alunos de Penacova.
Talvez uma das primeiras seja o cada vez mais elevado custo dos livros e do material escolar, que somado aos cortes nos vencimentos, ao desemprego e à enorme carga de impostos, deixa as famílias de rastos logo no início do ano escolar.
Associado à situação económica das famílias, vem também o aumento do número de alunos com fome, que chegam à escola sem o pequeno almoço, problema a que a Escola tem sabido dar resposta na medida das suas possibilidades, o aumento do número de alunos subsidiados a comerem na cantina, com filas que fazem desesperar muitos deles.  Numa cantina que agora é explorada por uma empresa privada sempre com tendência para cortar nos custos, que contrata o pessoal sempre em cima da hora, sem lhes dar formação e treino adequados.
Outro dos problemas que preocupam os Pais neste início de ano letivo resulta da avalanche de normas do Ministério da Educação, por vezes contraditórias, que criam instabilidade na Escola e trazem muitas incertezas a pais e alunos, como seja a recusa de 10 turmas pelo Ministério, mesmo que se tenha conseguido recuperar 8 dessas 10, pela persistência da Direção do Agrupamento.
Mas a política mercantilista da Educação que o governo tem vindo a impôr às Escolas, traz-nos outras preocupações pelas consequências negativas na qualidade do ensino, como sejam:
·         O aumento do número de alunos por turma, com turmas muito grandes nos Jardins de Infância de Figueira de Lorvão e de Penacova, turmas com alunos que ultrapassam a capacidade das salas de aula na escola-sede, havendo mesmo uma turma do 12º ano com 33 alunos, embora se tenha conseguido o seu desdobramento a Português e Matemática.
·         A crónica falta de pessoal auxiliar nas escolas, quer para a vigilância dos alunos e apoio à atividade letiva e das AEC’s, quer no apoio às crianças com necessidades especiais, como também no apoio à alimentação e nos serviços de limpeza.
·         Também a instabilidade do pessoal docente e a sobrecarga de trabalho que lhes é imposta, com professores a fazerem de “caixeiro viajante”,  a darem aulas em Penacova, na escola-sede, em S. Pedro de Alva e ainda em  AEC’ nas escolas do 1º CEB, não favorece a qualidade de ensino, por muita resistência e capacidade de concentração que esses professores tenham.
Ao nível das instalações, há preocupações que vinham de trás e que se mantêm, como seja a falta de espaço no Centro Escolar de Penacova e as escolas do 1º CEB e Jardim de Infância de Lorvão, em obras (paradas) há imenso tempo, obrigando os alunos a terem aulas em espaços improvisados e outros a optarem por outras escolas.
Por último, vem o acompanhamento escolar em casa.
Se para muitos Pais já era difícil apoiar os filhos, devido aos horários de trabalho estarem cada vez mais desregulados, especialmente para aqueles que trabalham na área do comércio, novas dificuldades se adivinham, com os aumentos dos horários de trabalho e o consequente roubo do tempo para as famílias.
Aos Pais, resta-lhes desdobrarem-se em cada vez mais funções, a tentarem reservar um pouco mais de paciência e de carinho para os filhos e a estarem atentos e unidos em torno da Associação de Pais, para reagirem a estas adversidades que a cada dia os governos nos vão criando.
Mas como esta história não acaba aqui e porque a vida também funciona em círculos, voltava à questão inicial para deixar uma reflexão a todos: Pais, entidades escolares, autarquias, Ministério da Educação, ...
·         Sabemos que cada vez mais há crianças que chegam à escola com fome, que é na escola que tomam o pequeno almoço e uma refeição completa, porque os pais não terão que lhes dar em casa;
·         Sabemos também que as sobras da cantina são destruídas, não havendo autorização para serem distribuídas;
·         Sabemos ainda que a fome, em sentido lato, não se mata com atos isolados de caridade,
Mas, não seria de permitir que os alunos mais carenciados pudessem levar para casa uma lancheirinha com a comida que não foi consumida na cantina?
Destruir comida é uma ofensa àqueles que não a têm e um atentado ao planeta que se esgota a produzir recursos que não são aproveitados.

Penacova, 14 de setembro de 2013
Ana Rita Martins
Presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação de Penacova



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