As preocupações dos Pais e
Encarregados de Educação no início do novo ano escolar
Inicia-se agora mais um ano
escolar com imensas preocupações e problemas para os pais e alunos de Penacova.
Talvez uma das primeiras seja o
cada vez mais elevado custo dos livros e do material escolar, que somado aos
cortes nos vencimentos, ao desemprego e à enorme carga de impostos, deixa as
famílias de rastos logo no início do ano escolar.
Associado à situação económica
das famílias, vem também o aumento do número de alunos com fome, que chegam à
escola sem o pequeno almoço, problema a que a Escola tem sabido dar resposta na
medida das suas possibilidades, o aumento do número de alunos subsidiados a
comerem na cantina, com filas que fazem desesperar muitos deles. Numa cantina que agora é explorada por uma
empresa privada sempre com tendência para cortar nos custos, que contrata o
pessoal sempre em cima da hora, sem lhes dar formação e treino adequados.
Outro dos problemas que preocupam
os Pais neste início de ano letivo resulta da avalanche de normas do Ministério
da Educação, por vezes contraditórias, que criam instabilidade na Escola e
trazem muitas incertezas a pais e alunos, como seja a recusa de 10 turmas pelo
Ministério, mesmo que se tenha conseguido recuperar 8 dessas 10, pela
persistência da Direção do Agrupamento.
Mas a política mercantilista da
Educação que o governo tem vindo a impôr às Escolas, traz-nos outras
preocupações pelas consequências negativas na qualidade do ensino, como sejam:
·
O aumento do número de alunos por turma, com
turmas muito grandes nos Jardins de Infância de Figueira de Lorvão e de
Penacova, turmas com alunos que ultrapassam a capacidade das salas de aula na
escola-sede, havendo mesmo uma turma do 12º ano com 33 alunos, embora se tenha
conseguido o seu desdobramento a Português e Matemática.
·
A crónica falta de pessoal auxiliar nas escolas,
quer para a vigilância dos alunos e apoio à atividade letiva e das AEC’s, quer
no apoio às crianças com necessidades especiais, como também no apoio à
alimentação e nos serviços de limpeza.
·
Também a instabilidade do pessoal docente e a
sobrecarga de trabalho que lhes é imposta, com professores a fazerem de
“caixeiro viajante”, a darem aulas em
Penacova, na escola-sede, em S. Pedro de Alva e ainda em AEC’ nas escolas do 1º CEB, não favorece a
qualidade de ensino, por muita resistência e capacidade de concentração que
esses professores tenham.
Ao nível das instalações, há
preocupações que vinham de trás e que se mantêm, como seja a falta de espaço no
Centro Escolar de Penacova e as escolas do 1º CEB e Jardim de Infância de
Lorvão, em obras (paradas) há imenso tempo, obrigando os alunos a terem aulas
em espaços improvisados e outros a optarem por outras escolas.
Por último, vem o acompanhamento
escolar em casa.
Se para muitos Pais já era
difícil apoiar os filhos, devido aos horários de trabalho estarem cada vez mais
desregulados, especialmente para aqueles que trabalham na área do comércio,
novas dificuldades se adivinham, com os aumentos dos horários de trabalho e o consequente
roubo do tempo para as famílias.
Aos Pais, resta-lhes
desdobrarem-se em cada vez mais funções, a tentarem reservar um pouco mais de
paciência e de carinho para os filhos e a estarem atentos e unidos em torno da
Associação de Pais, para reagirem a estas adversidades que a cada dia os
governos nos vão criando.
Mas como esta história não acaba
aqui e porque a vida também funciona em círculos, voltava à questão inicial
para deixar uma reflexão a todos: Pais, entidades escolares, autarquias,
Ministério da Educação, ...
·
Sabemos que cada vez mais há crianças que chegam
à escola com fome, que é na escola que tomam o pequeno almoço e uma refeição
completa, porque os pais não terão que lhes dar em casa;
·
Sabemos também que as sobras da cantina são
destruídas, não havendo autorização para serem distribuídas;
·
Sabemos ainda que a fome, em sentido lato, não
se mata com atos isolados de caridade,
Mas, não seria de permitir que os
alunos mais carenciados pudessem levar para casa uma lancheirinha com a comida que
não foi consumida na cantina?
Destruir comida é uma ofensa àqueles que não a têm e um atentado ao
planeta que se esgota a produzir recursos que não são aproveitados.
Penacova, 14 de setembro de 2013
Ana Rita Martins
Presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação
de Penacova
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